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Dia da Mulher, Noite do Homem - Que (novos) paradigmas, que (velhos) desafios?

Celebra-se hoje aquilo a que se convencionou designar como o “Dia Internacional da Mulher”. Apesar de este ser um dia aparentemente dedicado o dirigido às mulheres, será que o dia da mulher também é afinal um dia… para o homem?


Como se sabe, todos temos um corpo. E duas energias (físicas e psíquicas). Masculina e feminina, independentemente de se ser homem ou mulher. Existem estas duas energias primordiais, que são a essência da própria Vida. Todos temos, então, estas duas energias primordiais, independentemente de sermos “machos” ou “fêmeas”, que é o mesmo que dizer que no “feminino” coabita o “masculino”, assim como no “masculino” existirá sempre o “feminino”, etc..


Para lá dos estereótipos, existe a chamada ‘masculinidade pura’, aquela que nada tem que ver com as distorções sociais, culturais e comportamentais que, desde há séculos, minam totalmente a masculinidade plena.


O que acontece é que, por uma questão de género (e aí entra a educação e a cultura), o rapaz tem um processo por vezes menos facilitado no que toca a “desidentificar-se” com a mãe (tanto na mulher como no homem, e quase que universalmente, a grande e primeira figura de identificação que temos na vida é a Mãe/Feminino), para adoptar um papel e uma identidade “masculina” diferenciada, adequada ao que sociedade lhe exige. Daí ser muitas vezes mais fracturante ou disruptiva esta diferenciação.


E a história demonstra-o bem. O “masculino” constituiu-se em grande escala por “oposição” ao feminino. Se um é preto, o outro é branco, se um tem cabelo comprido, o outro curto, se um usa saias, o outro calças, se um chora o outro não…etc. O facto é que (antes das chamadas representações sociais de género) nascemos seres humanos. Pura e simplesmente. Só depois é que nos tornamos “homens” ou “mulheres”...   

Então (e a pretexto do “dia das mulheres”, relembrando) que desafios encontram, actual e presentemente (na chamada “nova era”) os homens?


Cada vez mais esgotados os antigos modelos de comportamento tradicional (tanto para homens como para as mulheres), a “mente cósmica” tem-nos convocado para redefinir ou reajustar novas expressões do eterno masculino e do eterno feminino.


A verdade é que na essência os valores ou atributos que fazem um “grande homem” são exactamente os mesmos que fazem uma “grande mulher”. E hoje existem novos paradigmas para ambos os sexos.

De certa forma, os homens sentem encontrar-se numa espécie de impasse, pois ao mesmo tempo que lhes é exigida potência e auto-suficiência, também lhes é pedida mais sensibilidade, flexibilidade, conciliação e entendimento. E neste sentido, o homem em "relação" com o “seu” feminino será o pólo do debate.


Para além dos modelos arcaicos e das actuais fórmulas, o que é essencial e eterno na masculinidade? O que faz um homem agir? Existe uma forma de sentir especificamente masculina? Será que o fogo heróico é exclusivo dos homens? Como se acende este fogo, a honra e o compromisso nas veias e o diamante nas consciências dos homens? Qual é o caminho para o coração dos homens e das mulheres? Porque é que tantos homens e mulheres não vivem assim tão bem na sua própria “pele”?


Porque o bem com o mal moram dentro de nós. E se vamos fazendo as mesmas coisas uns aos outros – geração após geração – é porque continuamos a projectar o mal para fora de nós numa atitude inconsciente, ignorante, dualista, que mantém a vitimização e desresponsabiliza as pessoas, impede-as de se porem em causa e amadurecer.

Se cada um de nós se responsabilizar pelo seu próprio mal e pelo seu próprio bem, se se colocar em causa, poderá por certo reflectir nos seguintes desafios (para homens E mulheres!), deixo apenas alguns deles aqui em pauta:


- qual é a essência de mim que eu não tenho conseguido mostrar?

- tenho estado muito apegado(a) ao meu “verniz” social?

- tenho reprimido o meu desejo de poder?

- tenho reprimido a minha necessidade de afecto?

- como uso o meu poder pessoal?

- será que projecto para fora as minhas necessidades e conflitos internos?

- será que o que mais admiro e o que mais detesto nos outros são coisas que em mim mesmo(a) precisam ser abraçadas, amadas, transformadas?

- será que não estamos a transformar príncipes em sapos com a nossa insegurança, cobranças e falta de amor-próprio?


É claro que não é fácil reconhecer nada disto, mas já que tudo isso veio às claras, é melhor aceitar e entender que temos aqui uma excelente oportunidade de resolução e transformação.


É uma forma de tomar consciência das nossas crenças limitadoras e fazer algo para mudar. O verdadeiro poder advém daqui. Mulheres e homens!


Por estes dias (e sempre, de preferência!) proponha-se a uma busca, interior e exterior, proponha-se a uma ‘espeleologia’ ao mais profundo de cada um de nós descobrindo o que é ser homem, o que é ser mulher, sem preconceitos, sem crenças nem limites.

É encontrar o seu lugar no mundo explorando o divino e o heróico em cada um de nós, através de uma religação à natureza do que é o essencial.


Será precisa tanta acrobacia para coexistirem em equilíbrio?


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