top of page

Há benefícios num olhar exterior? Porque só auto-ajuda não chega?

Seja em que área for da sua vida (pessoal, profissional, social, familiar, amorosa, etc.), o facto é que “só” ler os livros está nos antípodas da arte de fazer acontecer.

Ao contrário do que se possa imaginar, se há algo que eu e tantas outras pessoas temos aprendido com os livros que lemos é isto: ler muitos livros tem pouco ou nada a ver com ter verdadeiro bem-estar ou sucesso (seja ele qual for) na vida. 


O que a maioria das pessoas me diz é que, durante muito tempo, podem deter-se a ler os mais diversos livros ou até a frequentar os mais mirabolantes cursos e retiros. Desde desenvolvimento pessoal, auto-ajuda, saúde e bem-estar, psicologia, medicina, passando por abundância, espiritualidade, gestão financeira, investimento, sucesso, concretização de sonhos, etc..


Contudo, apesar de, na maioria das vezes, compreenderem os conceitos escritos nesses livros, as coisas pareciam não avançar como queriam e muitas vezes até ficavam piores. Já sentiu isto? 


Aquela história clássica do amigo que chega e diz: "Tens mesmo de ler este livro, é brutal, vai mudar a tua vida!" Mas de facto após o entusiasmo de ler e sentir ser, sim, um bom livro, não vemos nada mudar, certo? Mas não queremos contar a ninguém porque pensamos que nós é que devemos ser um bicho raro… e os únicos para quem isto não funciona.


Bem, ler sobre o funcionamento das emoções é excelente para compreendê-las racionalmente, mas é bem diferente de vivenciar a emoção, sentir, entrar em contacto com elas e promover profundas mudanças na vida. E há coisas que não se resolvem sozinhas. Algumas vezes, é preciso alguém especializado para nos ajudar a ver os nossos pontos cegos. 

Sempre que pensamos na optimização do nosso potencial e em aumentar a nossa capacidade de usufruir da vida, a primeira coisa em que é bom pensar é numa grande organização e limpeza desta nossa casa a que chamamos “Eu”. 

Mas antes que vá a correr munir-se de pá, vassoura e pano de pó (no sentido figurado, claro) deixe-me dizer-lhe que esta é uma empreitada que requer relação, requer o trabalho de duas pessoas.

Saber identificar o que se passa "cá dentro" não é fácil (talvez não seja mesmo possível) sem o benefício de um olhar exterior, que traga perspectiva e a distância suficientes, capazes de detectar padrões, crenças, dinâmicas e muitos outros aspectos. E essa é uma função crítica dos psicólogos clínicos, que contam com que contam com horas infindas de formação graduada e contínua e com grelhas de análise e processos estruturados que permitem ir directamente aos pontos críticos e momentos-chave das aprendizagens passadas, e intervêm com métodos eficazes para criar rápidas reorganizações e actualizações internas.

Meditar é óptimo, yoga é fantástico, qualquer outra actividade de interacção social ou de “catarses” em grupo também, mas é no “outro” que realmente nos espelhamos, em especial um “outro” perante o qual as nossas máscaras sociais poderão - num espaço seguro por excelência - cair. Através de um processo de intervenção psicológica, as pessoas encontram um espaço-tempo diferente, de promoção efectiva da sua liberdade e identidade, através dessa particular relação terapêutica, em que o paciente se sentirá, progressivamente, aceite naquilo que é. E, assim, realiza-se a passagem consistente do estado de personagem a pessoa real. A vida torna-se, enfim, bastante mais alegre e animada, simplesmente porque a vida verdadeira tem todas as condições para ser isso mesmo.

A verdade é que simplesmente não fomos treinados para nos conhecermos realmente - e somos muitas pessoas dentro da mesma pessoa… gravei um vídeo sobre esta questão, pode vê-lo aqui: 

E entretanto, mudamos, crescemos, o mundo muda à nossa volta e as grandes "conclusões" que nos foram úteis num dado momento – crenças sobre o que esperar de nós e da vida – desactualizam-se e tornam-se inúteis; no pior cenário, tornam-se mesmo prejudiciais ao nosso bem-estar, à saúde das nossas relações interpessoais, à concretização dos nossos objectivos, ambições e sonhos.

Ou seja, para nos sentirmos bem, termos sucesso, estarmos em paz e com as dores do corpo e da alma saradas. Não fomos educados para isso na nossa cultura e nem na escola, e muito provavelmente, também nem pelos nossos cuidadores (pelo menos, não no verdadeiro sentido de sucesso). Felizes os que se consideram a excepção à regra.


Dizem que conhecimento é poder, mas isso não é verdade. “E porquê, Sara?!”, perguntará o meu querido(a) leitor(a). Porque CONHECIMENTO é apenas PODER EM POTENCIAL. Apenas isso. É preciso saber como aplicá-lo.

Imagine que, em vez de temas de saúde psicológica, estivéssemos a falar de saúde física e andávamos a tentar, assim numa forma muito “faça você mesmo”, resolver dores de estômago, dificuldades respiratórias ou um potencial entorse. Tenho a impressão de que no nosso contexto se criou uma ideia de que basta ler "umas coisas" para resolvermos os nossos temas... Talvez falte apenas clarificar que a Psicologia Clínica e da Saúde tem um nível de complexidade, especialização e rigor científico semelhantes aos da Medicina. E é preciso mesmo clarificar isto porque olhando para a facilidade aparente com que tanta gente afirma "ter a chave" do seu bem-estar, parece que isto da Psicologia Clínica é coisa fácil para a qual bastam uns quantos truques e dicas, tudo muito bem embrulhado em suposta ciência certa.

Na verdade, um psicólogo e psicoterapeuta passa por 5 anos de curso, mais um de estágio, mais 3 a 5 de especialização. E isto é só como aperitivo, porque o prato principal discute-se nas dezenas de cursos e milhares de horas investidas em estudo ao longo de toda a carreira, fora o acúmulo de experiência empírica ao longo de anos de prática clínica. É esta preparação que permite a seriedade e eficácia no trabalho de algo tão complexo como a saúde psicológica.

A psicologia, como um campo em constante evolução, exige dos seus profissionais um compromisso contínuo com a actualização e o aprimoramento de conhecimentos. Neste contexto, o envolvimento em formação contínua, seja por meio de aprendizagem auto-dirigida ou participação em workshops, congressos, cursos e seminários, é imprescindível. Esta prática garante que os psicólogos se mantenham alinhados com as últimas descobertas, técnicas de avaliação e nuances dos critérios diagnósticos.

Além da aprendizagem autónoma, a supervisão clínica ou processo de consultas com colegas que possuem expertise em áreas específicas de prática é um recurso valioso que eu absolutamente valorizo e realizo. Este intercâmbio profissional oferece novas perspectivas e insights, especialmente em casos complexos. A supervisão proporciona não apenas um segundo olhar sobre casos desafiadores, mas também uma oportunidade para reflexão e crescimento profissional.


E é por essa razão que a Ciência, desde há já um par de séculos, consagrou disciplinas específicas como a Psicologia para atender aos quesitos particulares da mente humana e das emoções humanas, que estão longe de serem uma coisa simples ou linear de uma inócua “formulazinha” genérica que se possa (supostamente) replicar para toda a gente. E o que é que isso quer dizer, na prática?! Bem… 

 

  • Que há coisas que consciente/racionalmente você quer mas que inconscientemente não se permite alcançar, travando uma luta invisível e inglória dentro de si mesmo(a), na qual o único real perdedor é o suspeito do costume: você!

  • Que há alguns erros que está a cometer neste momento e que estão a impedi-lo de atingir aquilo que quer

  • Que seria bem melhor descobrir como funciona a sua mente e como gerar os resultados que pretende na sua vida

  • Que é crucial saber identificar os sintomas de uma mente que não está preparada para alcançar o que deseja e que isso é precisamente aquilo que o faz constantemente boicotar a realização daquilo que quer

  • Que pode efectivamente passar a assumir o controlo da sua mente, das suas emoções e o controlo da sua vida para entrar definitivamente em acção e concretizar as mudanças, as transformações positivas que gostaria

  • Que é possível ir muito além do "sinto que tenho que mudar", para uma versão de si mesmo(a) em que o bem-estar psicológico, o equilíbrio emocional e o sucesso são inevitáveis

  • Que você poderia estar desde agora a potenciar a sua mente para tornar-se imparável, sempre que estabelecemos novas metas para a sua vida

  • Que há “n” (adoro esta expressão) exemplos práticos de pessoas cujas vidas extraordinárias foram transformadas pela forma como trabalharam a sua mente e as suas emoções, bem como a súmula de tudo isto, ou seja, o seu comportamento e os resultados reais e concretos – consolidados no tempo – que um apoio psicológico ou um acompanhamento psicoterapêutico lhe poderão proporcionar

O genial Almada-Negreiros rematou dizendo: “E de que serve o livro e a ciência se a experiência da vida é que faz compreender a ciência e o livro?” E não é…?  


Então, de que nos serve o intelecto se não temos o poder de uma mão em acção… o sentir na pele… e a pulsação da vida?

Quantas vezes já se sentiu a andar em círculos?


Por mais que ande e pense que está a fazer um caminho diferente, volta sempre ao ponto de partida?
Será que somos capazes, sozinhos, de ver que estamos a andar em círculos? Será que sabemos como sair deste percurso viciado?


Ao fim ao cabo, ao ter a perspectiva externa de um profissional de saúde mental conseguimos muitas vezes catalisar muito mais rapidamente os resultados que pretendemos na nossa vida, nos nossos relacionamentos, na nossa profissão, em nós mesmos.


Esta semana pare um pouco para pensar: "Será que estou a andar em círculos e ainda não descobri?"

bottom of page