Existem alguns mitos em relação às – justamente – relações que, na verdade, muitas vezes só impedem que as pessoas sejam mais felizes e realizadas no que toca ao amor.
Também é verdade que para meias-verdades tóxicas existem sempre os seus opositores antídotos. :) Ontem como hoje (e especialmente hoje em dia!) ter bons relacionamentos é uma arte. O amor não é aquela coisa que nos tira os pés do chão e nos transporta para lugares onde nunca se esteve. O nome disso é avião. :) Também não é algo que é suposto tirar-nos a respiração, deixando-nos quase ou totalmente sem ar. Para isso, a designação é asma. ;)
Existem basicamente algumas regras que – para lá dos clichés ou lugares comuns associados, na nossa sociedade, aos relacionamentos amorosos – deveriam ser, em qualquer circunstância, tidos em conta. E talvez o maior deles seja o ter consciência de que somos seres livres. Mas no entanto, é através do outro que podemos ser, crescer e evoluir. Contradição?
É comum aos seres humanos experienciarem-se como “incompletos” ou insuficientes, de alguma forma. Muitas vezes, o que faz com que certas pessoas sejam particularmente mais atraentes para nós do que outras é que quando estamos com elas adquirimos um senso de maior inteireza, ou como ficando mais “inteiros”.
Tendemos a ser mais atraídos por aqueles com quem temos experiências ou “feridas correspondentes”, ou seja, aqueles com quem mais eficazmente podemos contactar com a dor enterrada ou negada que precisamos aceder.
Porém, acontece que existem “amarras” ou as celas invisíveis atadas em algumas pessoas que não passam de criações suas, não obstante profundamente humanas, fruto de uma cultura pouco desperta no que toca ao saber viver(-se) em verdadeira liberdade. E esse seria o propósito ideal de uma relação, o de nos ajudar a sermos mais e melhor de quem já somos. Na versão melhorada de si mesmo. Em respeito, por si, pelo outro, e em liberdade.
Os mitos ou as ideias com que muitas pessoas escolhem ser infelizes, embora digam que não, só vêm reforçar este ponto paradoxal: “quero-te a ti porque preciso de mim”, ou “não me quero a mim mas acho que tu me deverás querer, porque sim”, e por aí fora…
Estão presas a ideias preconcebidas de como “as coisas devem ser”. Até nas relações de trabalho, estes padrões de ralação (ooops, quer dizer, relação!) se reproduzem e encontram quando as pessoas parecem confundir as noções de subordinação com subserviência, ou de autoridade com comando ditatorial e abusivo. Entregando de bandeja o poder de Ser (e de ser feliz) a outrém.
Obviamente, tanto um caso como o outro gerará insatisfação. E o equilíbrio é aqui uma miragem… E como se esquecem que… o amor não é uma coisa que embrulha o estômago e deixa marcas por onde passa. O nome disso é diarreia!
Tendemos a querer ser “donos” das coisas às quais nos apegamos. E amar é outra coisa. Não é prender, é soltar, é dar asas. Se regressar, aí você descobre que efectivamente “é seu”, tinha de estar consigo. E quando uma pessoa se decide a “ficar” ou a se “prender” por alguém, é de livre vontade e não por ter sido coagido. Sabem o que é estar ‘preso’ e mesmo assim feliz, leve e solto? Sim, “preso” de livre vontade e sentindo a liberdade plena? Aqui já se começa a poder falar de verdadeiro amor.
Quando uma pessoa se apaixona, o objecto do amor aparenta não ter defeitos: tudo o que ele dizia, ou fazia, o seu modo de vestir, de andar, etc., eram simplesmente maravilhosos, e estar ao seu lado era puro prazer. Era a alma gémea. Mas… em muitos casos, o tempo passa, estabelece-se a intimidade e, quando menos percebem, um já quer transformar o outro em alguém que seja à sombra de si mesmo ou no “asno” que o carregue e o sirva como a um soberano. E pronto. Aí está encontrada a receita do desastre.
Quando alguém abdica da sua liberdade e permite ser desrespeitado. Cedeu um pouquinho a cada dia e, ao fim de alguns anos, anulou-se como pessoa. O resultado é só este: não se ama mais, nem é amado. E a verdade é que ninguém quer ter como companhia na vida um eco ou uma sombra de si mesmo. A outrora “alma gémea” passa a “algema”…
A verdadeira liberdade aprende-se principalmente pelo amor-próprio. Se uma pessoa se ama em primeiro lugar, ela manterá a sua individualidade. Quando há uma boa auto-estima, consegue-se viver melhor o relacionamento, sem medo de perder o outro. Passa a ser uma escolha e não obrigação de estar com o outro. Amamos as pessoas por podermos sentir que elas têm a capacidade de trazer mais cura, paixão, paz, entusiasmo, facilidade, satisfação ou alegria às nossas vidas.
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